Long Live Rock and Roll

Long Live Rock and Roll
Certa vez ouvi de um amigo que o Rock estava vivo de novo e então respondi : "Ele nunca morreu."

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Adeus, Casa Verde.


Em 2005 na Floriano Peixoto quando eu ainda tinha 15 anos de idade e não me imaginava sendo nem um pingo da pessoa sociável que sou hoje e preferia ficar dentro de casa ouvindo meus LP's de Rock, jogando vídeo game e assistindo os meus animes nas sextas e sábados após semanas intermináveis de estudos no ensino médio e no cursinho do Fóton que na época prestava para o finado PEIES, decidi pela primeira vez explorar a noite de Santa Maria em uma época em que menores de idade ainda eram permitidos em casas noturnas juntamente com duas colegas de escola.
As duas que certamente já tinham mais experiência do que eu nessa via crucis de fim de semana, optaram por adentrarem em uma casa com a fachada verde e branca sem qualquer letreiro na porta. No primeiro momento me surpreendo com o irrisório preço de 3 reais na entrada e obviamente, tendo 15 anos de idade, meus tragos se resumiam a meia dúzia de latas de Coca Cola.
Ao entrar no local simplesmente fico estupefato, pois o lugar era um resumo da essência de todas as coisas que me moviam na época : Rock and Roll, simplicidade, um certo desleixo retratado pelo sofá rasgado em um dos cantos e a simpatia com a qual as paredes rabiscadas com giz de cera preto me diziam que ali eu não precisava ter vergonha de ser eu mesmo.
Bastou umas três vezes em que freqüentei esse ambiente para eu começar aos poucos a ter indícios de que me apaixonaria por essa coisa chamada Boemia. O administrador era um homem que no seu semblante me parecia estar na casa dos 40 anos de idade e quando veio falar comigo sobre música, me disse uma frase que jamais esquecerei : "O Iron Maiden para mim, é uma orquestra !!!". Não demorou muito e depois de uns dois anos, o funcionamento migrou para a Serafim Valandro.
Lá o Rock and Roll continuava rolando solto e um Thiago Duarte após ter se formado no ensino médio e passado no vestibular para Farmácia da UFSM, viu-se completamente perdido no meio do show da Graforréia Xilarmônica e durante a graduação madrugou por vários fins de semana até às cinco horas da manhã, socorreu amigas bêbadas, tomou tragos históricos, beijou algumas bocas, teve a graça de ver Júpiter Maçã, um dos seus maiores ídolos do Rock Gaúcho na sua frente ainda em vida e culminando nos seus últimos anos na segunda era da casa verde, começou uma fortíssima amizade com Pylla Kroth, o maior nome do nosso Rock Santa Mariense.
Os tempos foram mudando, as pessoas que freqüentavam o lugar também, a atmosfera do estabelecimento começou a dessincronizar com a minha essência e então em uma noite chuvosa no inverno de 2013 após um tributo à Deep Purple, eu terminei de vez a minha história com esse local. Esse foi o Macondo que eu conheci. Não o Macondo das Megamix, das Tremes, das festas temáticas com música pop das divas contemporâneas, dos Mondo Funks, das filas intermináveis que chegavam na Venâncio Aires, enfim.
Todo ciclo tem o seu início, meio e fim. Nos últimos cinco anos o Macondo não representava nem sequer um por cento do que ele já foi para mim, mas me solidarizo com aqueles que hoje lamentam o seu fechamento. É uma pena para qualquer outra pessoa da minha faixa etária ou até mais velha do que eu, despedir-se de lugares onde deixamos a nossa marca e sabemos que os mesmos deixaram uma em nós.
Fica o meu agradecimento aos oito anos que passei nos dois endereços da casa verde, aos amigos que conheci, as pessoas que saíram da minha vida por vontade própria ou não e para as experiências que vivi e que serviram para o meu crescimento. Agradeço também por ter feito a mesma coisa para várias outras pessoas ainda que não fosse da mesma maneira como aconteceu comigo.
Obrigado Macondo e Adeus :)