Long Live Rock and Roll

Long Live Rock and Roll
Certa vez ouvi de um amigo que o Rock estava vivo de novo e então respondi : "Ele nunca morreu."

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Assuntos Randômicos : O MAIOR DIA DA MINHA VIDA !!!



Tudo começou remotamente em 1996 : daquele ano em diante,inconscientemente eu já sabia que a minha vida não seria mais a mesma.
Agora em 2011,quinze anos depois,atingi o apogeu dos maiores momentos da minha vida,finalmente vi o cara que depois dos meus pais,foi o principal responsável por moldar a minha personalidade,o meu jeito de lidar com as pessoas e que sempre me ajudou a lutar contra um dos maiores tormentos da minha vida que me assolou durante a adolescência e que até hoje,deixou algumas cicatrizes psicológicas no meu ser.

Desnecessário falar que ele é um dos maiores nomes e uma das maiores lendas do Rock and Roll,aliás a palavra "Lenda" é muito pouco para descrevê-lo. Me chamem de fanático,me chamem de doido varrido,do que quiserem...eu não me importo nenhum pouco. Devo muito a ele tanto em termos musicais como pessoais. Ele foi a chave que despertou o meu potencial latente de compor músicas e fazer com que eu desenvolvesse o meu comportamento de palco,ele que fez com que eu trilhasse o caminho de ouvir o melhor gênero de música do universo,ele me ensinou que por mais que você tenha mil e uma dificuldades na sua vida,você é capaz de contorná-las e dar a volta por cima e que não é preciso mudar o meu jeito de ser para me sentir feliz ou para que as pessoas gostem de mim.

Nenhuma palavra pode descrever o que eu senti exatamente na noite do dia 30 de Março de 2011 exatamente às nove horas da noite em Porto Alegre,quando após a introdução de "Carmina Burana",vi Ozzy Osbourne no palco batendo palmas como um louco,incentivando a todo mundo a aproveitar e se divertir em um espetáculo muito além de ser atribuído ao termo de um "mero show". Para mim,aquilo foi mais que um simples espetáculo,foi o sonho de quase uma década inteira sendo realizado e que eu jamais esquecerei e estará eternamente guardado no meu coração.

Ao dizer a célebre frase "Let The Madness Begin !!!",o mestre todo poderoso começou a sintetizar ao vivo na minha frente toda a tragetória que passei desde os seis anos de idade com os Beatles e que explodiu inteiramente com a ajuda do Black Sabbath e sua carreira solo quando eu tinha 13 anos. Até a hora de "Mr.Crowley",meu rosto estava completamente banhado em lágrimas e um filme começou a passar na minha mente em preto e branco retratando o dia em que ganhei a primeira coletânea solo dele do meu amigo de infância,o dia em que ouvindo "Vol.4" do Sabbath decidi deixar o meu cabelo crescer,o dia em que eu e mais um amigo montamos a primeira banda da qual eu fiz parte e principalmente,dos dias em que eu não me sentia mais ameaçado por bullying no colégio,pois as letras do Sabbath e de sua carreira solo pareciam simplesmente "conversar comigo" e me passar a sensação de que entendiam todas as minhas frustrações e o meu sofrimento interno,atenuando até mesmo um pouco do meu tão já conhecido complexo de inferioridade e me dando coragem para encarar todos aqueles que um dia já me fizeram mal e me humilharam. Por mais que eu ainda tivesse alguns amigos,Ozzy Osbourne não sabe e nunca terá noção disso,mas sempre o considerei como o meu "segundo pai".

E por mais incrível que pareça,diferentemente dos outros shows que eu fui como Iron Maiden,AC/DC,Os Mutantes e Paul McCartney,os quais eu achava humanamente impossível um dia de assistir e ver outros ídolos queridos,minha esperança em ver o "velho" nunca se apagou desde que comecei os meus caminhos musicais. Coloquei na cabeça aos 13 anos que ainda veria ele um dia,que estaria em um estádio com trocentas pessoas a entoar junto com elas e com ele,todas aquelas palavras que me trouxeram tamanha alegria e conforto por quase 10 longos anos. Quase me desiludi em 2008 ao perder sua vinda a São Paulo,mas finalmente em solo gaúcho,pude ter um contato extremamente sublime e inacreditável com ele. Outra diferença entre o show do apoteótico príncipe das trevas com os outros shows que eu fui,foi a sensação da ficha imediatamente caída. Não me senti extremamente ansioso para vê-lo desde o dia em que soube da sua vinda e nem me senti também assustado com alguma possibilidade razoavelmente impossível de perder ou não aproveitar aquele momento. Tive a plena certeza de que um jeito ou de outro eu sempre estive com ele perto de mim atráves de sua música e de que aquele dia,seria um dia perfeito na minha vida...e como foi,nem preciso repetir tudo o que já disse anteriormente.

Bandeiras do Grêmio atiradas por fãs da torcida rival a parte (hehe),foi tudo como eu exatamente sonhei há oito anos atrás: a voz ainda que um pouco gasta com o tempo,soube fazer jus ao seu misticismo musical e apesar da velhice física,Ozzy demonstrou a eterna criança dentro de si jogando baldes de água e literalmente limpando a galera perto do palco com a sua potente metralhadora de espuma,isso sem falar em nossos braços quase doloridos de tanto bater palmas. Criança esta,que todos nós deveríamos sempre conservarmos dentro de nós.

Entre clássicos de sua carreira solo e do Black Sabbath,quase na finaleira do show,chega a hora dos holofotes brilharem em torno de Tommy Clufetos,o baterista e Gus G.,o mais recente guitarrista que gravou "Scream",o último disco do "Madman" ano passado (que por sinal leva o nome desta turnê e que teve somente uma música executada) e que carrega a imensa responsabilidade da função que foi exercida há mais de vinte anos por Zakk Wylde. O que vimos,foi um exemplo extraordinário de exímia competência não só dos dois instrumentistas,como também de Rob Nicholson,baixista do "velho" em uma versão estendida de um número instrumental obscuro do Sabbath,chamado "Rat Salad".

Após isso,chega a hora de um dos momentos mais antológicos da noite e da vida de todos os roqueiros e headbangers que fizeram parte daquelas 12 mil pessoas que adentraram o Gigantinho,retratado pelo riff de "Iron Man" entoado em coro pelo público e pelo próprio lorde culminando em mais duas músicas do álbum "No More Tears" e no lendário clássico "Crazy Train". Após alguns segundos,o nosso grandioso anfitrião se despede com chave de ouro cantando como ele mesmo diz "ONE MORE SONG !!!"...a música gravada junto ao seu antigo trio de camaradas e que faz parte da vida de todos aqueles que o admiram,idolatram e o continuarão seguindo até o final de seus dias há pelo menos mais de 40 anos : "Paranoid".

Aproximadamente as cinco e meia da madrugada do dia 31 de março,ao voltar para Santa Maria,entrar em minha casa,arrumar as coisas para o dia seguinte na faculdade e finalmente dormir,encerrou-se assim o segundo momento divisor de águas na minha vida e que marcará tudo o que aconteceu entre antes e depois de eu ter ido para o caminho do Rock and Roll. Tal momento só terá o brilho e o poder seriamente ameaçados em comparação pelo dia em que conheci a música e a história de vida deste meu "segundo pai".

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